Trabalho, liberdade e justiça social

Trabalho, liberdade e justiça social

Publicado em 2 de maio de 2022
Por Desembargador Francisco Rossal de Araújo

Quem trabalha é livre! Aprendi esta lição há muitos anos, com a minha mãe. Com o conhecimento de quem passou pelas dificuldades da vida e sempre trabalhou desde jovem, minha mãe me ensinou uma noção econômica básica: quem gera seu próprio sustento com o seu trabalho é livre, por não depender do outro para sobreviver. A raiz da liberdade está na capacidade do ser humano de gerar sua própria renda.

Por essa razão é tão importante comemorarmos o trabalho no dia 1º de maio. Não qualquer tipo de trabalho, porque ele pode existir sob a forma de trabalho escravo ou trabalho infantil. O que comemoramos no Dia do Trabalho é o trabalho digno, com remuneração justa e sem que o trabalhador seja exposto a condições degradantes à sua saúde.

O valor do trabalho é o que gera todas as outras riquezas. É o trabalho que transforma as matérias-primas, cria conhecimento para novas formas de produzir e gera rendimentos para toda a sociedade. A riqueza criada pelo esforço humano deve ser distribuída de forma equitativa, proporcionando o conforto material de toda a sociedade, e não apenas de alguns.

Tão importante quanto gerar a riqueza é distribuí-la de forma justa. Esse é o papel da ideia de Justiça Social: liberdade na criação e equilíbrio na distribuição. Uma verdade que está, inclusive, consolidada na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) – compromisso global para o desenvolvimento sustentável assumido por 193 países, incluindo o Brasil. Pelo menos dois dos 17 objetivos da Agenda 2030 se relacionam com a justa distribuição da riqueza: Trabalho Decente e Crescimento Econômico (nº 8) e Redução das Desigualdades (nº 10).

A lição de que trabalhar é importante para ter independência, liberdade e dignidade nós aprendemos em casa.  A lição de que só o trabalho digno desenvolve de forma justa uma sociedade nós aprendemos com a experiência social. Nenhum país se desenvolve sem o equilíbrio entre capital e trabalho.

Francisco Rossal de Araújo
Desembargador do Trabalho, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região

Fonte: Zero Hora
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