31 mar Na Renner, gestoras são metade da alta cúpula
Na Renner, gestoras são metade da alta cúpula
Na primeira posição da pesquisa “Mulheres na Liderança” entre as empresas nacionais que mais se destacam em ações de incentivo à gestão feminina, a Lojas Renner atua para incorporar a equidade na força de trabalho desde a sua fundação, em 1965.
Prova disso é que a varejista encerrou 2022 com 26,2 mil funcionários, dos quais mais da metade (64%) mulheres, mesmo percentual observado em 2021. As profissionais detêm 49% das posições da alta cúpula e correspondem a 25% dos postos do conselho de administração (dois de cada oito assentos).
Em 2020, a companhia aderiu à iniciativa Women on Board (WOB), comprometendo-se a, pelo menos, manter o patamar de representatividade no colegiado, em sintonia com práticas mundiais de governança corporativa. O desafio não é pequeno.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as mulheres respondem por apenas 15,2% dos profissionais em conselhos e diretorias de companhias abertas no Brasil. O número representa um leve avanço em relação à participação feminina em 2021 (12,8%) e 2022 (14,3%). O estudo analisou dados referentes a 2022 de 389 organizações que empregam, ao todo, 6,1 mil profissionais em conselhos de administração, fiscais e diretorias.
“Mas não estamos apenas no conselho da empresa”, destaca Regina Durante, diretora de gente e sustentabilidade da Lojas Renner. “Ocupamos cargos de comando em departamentos tradicionalmente masculinos, como logística, digital e tecnologia da informação (TI).” No ano passado, a executiva Leila Martins chegou à companhia para assumir a cadeira de CDO (chief data officer, ou diretora de dados).
“Uma das nossas metas é alcançar, até 2030, um mínimo de 55% da alta liderança com gestoras, seis pontos percentuais a mais do que o cenário atual”, afirma Durante.
Para isso, a empresa encampa práticas de gestão de pessoas sempre alinhadas com a diversidade. Um dos pilares dessa diretriz é o programa “Plural”, que inclui treinamentos, iniciativas de sensibilização e fortalecimento da cultura inclusiva. Na área de aceleração de carreiras das executivas, ações de mentoria e coaching miram a evolução de candidatas consideradas de alto potencial, que participam do programa de sucessão, diz.
Ao mesmo tempo, o cuidado com as profissionais não sai do radar, segundo a diretora. Em 2020, a companhia transferiu o canal de denúncias institucional para uma plataforma independente, a fim de identificar melhor casos de discriminação e firmar o compromisso de tolerância zero com situações de assédio. Também consolidou o canal “Em frente”, de acolhimento às vítimas de violência doméstica (física, psicológica, moral, patrimonial e sexual), que cobre todos os níveis hierárquicos.
Na mesma linha de atenção, temos um serviço de apoio à maternidade, durante a gestação e nos seis primeiros meses de vida dos bebês das funcionárias, com suporte de enfermeiras, educador físico, psicólogos e atendimento médico por telefone e WhatsApp, no modelo 24×7, detalha.
Durante destaca que o movimento por mais paridade acontece “da porta para fora” também. “Desenvolvemos iniciativas pela igualdade de gênero por meio do Instituto Lojas Renner.”
A entidade, fundada em 2008 para alavancar o empreendedorismo econômico e social de mulheres na cadeia de moda no Brasil, já investiu cerca de R$ 82 milhões em projetos que beneficiaram mais de 240 mil pessoas.
Uma das ações é o “Empoderando refugiadas”, iniciado em 2016, em parceria com o Pacto Global, ONU Mulheres e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O objetivo é preparar as refugiadas para o mercado de trabalho e sensibilizar as organizações sobre a importância de compor equipes diversas e inclusivas.
Cerca de 400 mulheres foram capacitadas e mais de cem acabaram contratadas pelas marcas da Lojas Renner S.A, que incluem Renner; a Camicado, do segmento de casa e decoração; e a Youcom, especializada em moda jovem.
Somente em 2022, afirma Durante, o projeto apoiou a qualificação de 102 mulheres em situação de refúgio em Boa Vista (RR) e Curitiba (PR). “Foram 80 horas de cursos com ênfase em logística, vendas e atendimento no varejo”, afirma. Depois das aulas, doze alunas foram convidadas para trabalhar no centro de distribuição do grupo em Cabreúva (SP), a 87 km da capital paulista.
Neste ano, com o intuito de acelerar a pauta da equidade, a companhia aderiu ao Movimento Mulher 360, que conta com cerca de cem empresas associadas que promovem o avanço das trabalhadoras no mundo corporativo. “Acreditamos que as profissionais devem ter acesso a mais oportunidades. Que sejam ouvidas, apoiadas e respeitadas, e ocupem os espaços que desejam”, afirma ela.
E tudo indica que a preocupação com a paridade de gênero no quadro se reflete em bons resultados. A Lojas Renner registrou lucro líquido de R$ 481,8 milhões no quarto trimestre de 2022, uma alta de 16% em relação ao mesmo período de 2021. Entre janeiro e dezembro, o lucro somou R$ 1,2 bilhão, um salto de 104% em comparação ao ano anterior.
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