Mães têm mais desemprego e menos renda

Mães têm mais desemprego e menos renda

Publicado em 8 de maio de 2023

Mães solo ganham em média 38,8% a menos do que pais casados ou solo.

Apesar do crescimento de domicílios chefiados por mães solo – que moram apenas com filhos e sustentam a casa -, esse grupo é que mais enfrenta dificuldades no mercado de trabalho hoje.

Em 2022, a proporção de desempregadas entre as mães solo foi de 7,3%, maior do que a proporção entre mães casadas (4,4%) e mais do que o dobro da taxa de verificada para pais casados (3,2%) e pais solo (3,4%), segundo dados da Pnad Contínua compilados por Janaína Feijó, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

A proporção de mães solo fora da força de trabalho foi de 29,4%, quase três vezes mais que a de pais casados (7,8%) e menor que a de mães casadas (37,6%).

“A presença de um cônjuge que trabalha permite que algumas mães saiam da força de trabalho para se dedicar à maternidade”, diz Janaína. “Já as mães solo são obrigadas a ir para o mercado para poder ter renda familiar.”

Em relação aos rendimentos do trabalho, mães solo ganham em média R$ 2.105 por mês, 38,8% a menos do que os pais casados ou solo (R$ 3.440) e 19,8% a menos do que as mães casadas (R$ 2.626). O levantamento mostra que a renda familiar proveniente do trabalho nos lares de mães solo foi de R$ 2.199 em 2022, e nos de mães e pais casados ficou em R$ 5.040.

Em termos de renda per capita, a das mães solo foi a mais baixa (R$ 797 por pessoa do domicílio), quando comparada à de pais solo (R$ 1.485), mães casadas (R$ 1.385) ou pais casados (R$ 1.384).

O salário-hora dos pais (casados ou solteiros) foi de R$ 20,3, enquanto das mães casadas chega a R$ 18, e o das mães solo, R$ 14,6.

“As mães solo tendem a buscar jornadas flexíveis ou a aceitar bicos e trabalhos informais que permitam maior equilíbrio entre responsabilidades familiares e trabalho, mesmo que sejam salários menores e não compatíveis com o nível educacional”, diz Janaína, ao lembrar que elas trabalham, em média, 155,5 horas por mês, 24,5 horas a menos que pais casados.

Patrícia Costa, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), alerta para a reprodução das desigualdades em lares chefiados por mães solo.

“As dificuldades no mercado para essas mães acabam se refletindo no domicílio”, diz. “Há parcela expressiva dessas mulheres no emprego doméstico. O rendimento per capita nesses lares equivale ao valor da cesta básica individual em São Paulo. Se o filho precisar trabalhar antes para compor a renda, há risco de a condição de pobreza se perpetuar.”

Fonte: Valor Econômico
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