Pela culatra: consignado CLT elevou juro ao trabalhador ao invés de reduzir como prometeu Lula

Pela culatra: consignado CLT elevou juro ao trabalhador ao invés de reduzir como prometeu Lula

Publicado em 16 de junho de 2025

Isso vai piorar a inadimplência que já é recorde e estimular a informalidade no mercado de trabalho; veja relatos enviados à coluna.

O tiro saiu pela culatra. Ao invés de derrubar o juro em 40%, que era a promessa do governo federal, o crédito consignado ao trabalhador CLT, lançado em março, fez as taxas aumentarem. A coluna tem recebido mensagens de gestores de áreas de recursos humanos a presidentes de empresas preocupados com os descontos que estão tendo que fazer na folha de pagamento de funcionários que tomaram os empréstimos.

Quando assinou a medida provisória liberando que o trabalhador buscasse vários bancos, o presidente Lula chegou a dizer: “Agora eles podem ter crédito barato para sair da mão do agiota. Não precisa mais pagar 10% de juros (por mês). Você pode escolher entre bancos privados, bancos públicos. Será uma revolução.” Porém, há muitos casos em que a taxa de juro supera 15% ao mês, o dobro do cheque especial e o mesmo patamar do rotativo do cartão de crédito, que é a mais cara do mercado.

É um absurdo que não tem explicação. O consignado CLT tem a garantia do desconto em folha de pagamento e ainda da verba rescisória em caso de demissão e de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Isso traz menos risco às instituições financeiras, exatamente para que cobrem taxas menores.

Os últimos números do Banco Central, ainda referentes a abril, apontam que a taxa anual do consignado privado subiu de 44% para 59,1,%. Ou seja, subiu bastante quando se esperava que caísse. E atingiu o maior patamar da série histórica.

Tem bancos com juro abaixo de 2%, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, mas tem financeiras cobrando taxas abusivas. Nas tabelas enviadas por empresas, há instituições sobre as quais a coluna nunca nem ouviu falar.

Alguns recados

Governo federal, corrija a falha de não ter limitado a taxa de juro na medida provisória. Trabalhador, pesquise. Empresas, invistam na educação financeira dos funcionários, pois eles trabalharão mais e melhor.

Riscos maiores

Este alto e caro endividamento ocorre em um cenário de inadimplência recorde, no Rio Grande do Sul e no Brasil todo. Um exemplo chocante é de uma funcionária de uma empresa de mineração que tomou um empréstimo de R$ 29 mil que, com a taxa de juro, se tornará uma dívida de R$ 83 mil. O salário dela é de R$ 2,7 mil. Com o desconto, sobrarão R$ 1,7 mil líquidos.

A situação tende ainda a fomentar a informalidade no mercado de trabalho, pois o desconto das parcelas do consignado é suspenso na demissão e retomado quando o trabalhador assumir outra vaga de emprego CLT. Ou seja, ele pode optar por bicos.

Fonte: Giane Guerra
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