17 jun Preparação das equipes não acompanha os investimentos em IA, diz pesquisa
Preparação das equipes não acompanha os investimentos em IA, diz pesquisa
Estudo exclusivo aponta que 69% das lideranças no Brasil consideram que a força de trabalho não está pronta para aproveitar a inovação.
Há um descompasso entre os aportes das empresas em inteligência artificial (IA) e a preparação das equipes que deverão atuar com a tecnologia. Enquanto 98% das companhias no Brasil estão investindo em IA (índice que marca 95%, no mundo), 69% das lideranças locais (71% globalmente) dizem que os times ainda não estão prontos para aproveitar, com sucesso, a inovação – sendo que 43% (51% lá fora) admitem que não têm talentos qualificados para gerenciar as frentes de IA.
A análise, obtida com exclusividade pelo Valor, faz parte de um estudo global realizado pela consultoria empresarial e de serviços de TI Kyndryl, multinacional que nasceu como uma spin-off da IBM em 2021 e hoje tem clientes em mais de 60 países. O levantamento foi feito em fevereiro e março de 2025 no Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Alemanha, Índia e Japão.
Foram ouvidos 1.100 líderes das áreas de negócios e TI, sendo 100 no mercado nacional, de empresas com receita de US$ 1 bilhão ou superior em 25 setores, como finanças, seguros, indústria, saúde e telecomunicações.
“Além da lacuna impressionante entre os investimentos e a preparação da força de trabalho, a pesquisa revela que as organizações enfrentam três grandes barreiras para a adoção eficaz da tecnologia: a falta de habilidades e de confiança dos funcionários nos sistemas de IA e a escassez de estratégias visando uma mudança organizacional”, analisa Spencer Gracias, diretor geral da Kyndryl Brasil.
Sobre a construção de confiança em torno do tema, 53% dos líderes brasileiros reconhecem que há um medo generalizado de perda de emprego por causa da IA e apenas 36% estão envolvendo os funcionários na implementação de novas aplicações, afirma Gracias.
Baseado no estudo, o executivo diz que a maioria das organizações no país não está se beneficiando de opções de “uso revolucionário” que poderiam impulsionar os portfólios de ofertas. “Quando perguntados sobre os principais casos de utilização da IA nas organizações, apenas um quinto dos líderes diz que é para desenvolver novos produtos e serviços para os clientes”, compara.
Em termos de aplicação dos sistemas no Brasil, a maioria (63%) dos entrevistados relata usar a IA para “desbloquear” o crescimento dos negócios e 58% aproveitam insights baseados na novidade para aprimorar a tomada de decisões.
Diante do cenário desenhado pelo levantamento, Gracias lista um conjunto de recomendações para as companhias. “Elas devem criar um gerenciamento de mudanças para a IA, com um roteiro que consiga comunicar os benefícios de cada etapa do processo, além de apoiar os funcionários com treinamentos”, ensina.
Também precisam “construir confiança” em torno da IA, envolvendo os profissionais no uso da tecnologia, explica. De acordo com a pesquisa, entre as ações para capacitação e de construção de confiança mais citadas no Brasil estão a organização de times focados na habilitação em IA (47%), o acesso a certificações (41%) e projetos-piloto que rodam com os feedbacks dos empregados (40%).
“O diálogo com as equipes deve ser aberto e tratar de assuntos como o receio de possíveis mudanças nas funções e a transparência das metas a serem atingidas”, completa.
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