Reajuste no piso salarial será votado na próxima semana

Reajuste no piso salarial será votado na próxima semana

Publicado em 28 de maio de 2025

Após acordo entre os líderes das bancadas, projeto que atualiza o piso salarial do Estado será votado na próxima terça-feira (03). Enviada pelo Executivo, a matéria propõe um reajuste de 8%, o que alinharia a remuneração gaúcha à oferecida em outros estados.

Se aprovada a proposta, a primeira faixa de remuneração, que contempla empregados domésticos e motoboys, será de R$ 1.789,04, enquanto a última, para técnicos de nível médio, ficará em R$ 2.267,21. De acordo com o governo, o projeto busca valorizar a mão de obra do Estado e prevenir distorções no mercado de trabalho, incentivando o aumento de vínculos empregatícios formais nas categorias abrangidas. O piso regional afeta setores que não possuem determinação salarial própria ou acordos coletivos, e até mesmo os trabalhadores informais.

Em adição ao texto do projeto, a oposição deverá protocolar uma série de emendas, buscando principalmente garantir que o reajuste aprovado passe a valer a partir do dia 1º de maio, data-base dos pisos salariais. Entre os adendos, também será apresentada a proposta de aumentar o reajuste para 10,45%, que adiciona o crescimento da economia ao índice proposto pelo governo. De acordo com o deputado Miguel Rossetto (PT), líder da oposição na Assembleia Legislativa, também será apresentada uma emenda que garante o mesmo reajuste salarial aos servidores públicos do Estado. “O piso salarial regional, que sempre é acima do salário-mínimo nacional, beneficia mais de um milhão de trabalhadores e trabalhadoras do Estado. Ele melhora o salário desses que têm os menores salários no Estado, diminui a desigualdade e melhora a vida dos trabalhadores e das suas famílias”, avaliou Rossetto.

A possível alteração salarial, no entanto, é considerada “injustificável” pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), que advoga pela extinção do salário-mínimo regional. Em nota, a instituição apontou que a inflação acumulada desde o último reajuste foi de 2,98%, o que corrobora a ideia de que esse aumento é “incompatível com a capacidade de recuperação das empresas no atual cenário”. “Trata-se de uma decisão que impõe custos adicionais significativos justamente quando as empresas lutam para manter empregos, reconstruir estruturas e retomar a produção”, diz o texto. A entidade afirmou que buscará negociar com o governo e com os deputados estaduais, como vem conversando com os sindicatos, para resolver a situação.

Por meio de nota, a Fecomércio-RS manifestou contrariedade ao reajuste. Na avaliação da entidade, a concessão de reajuste “significativamente acima da inflação (o INPC entre dez/24 e abr/25 foi de 2,98%) traz enormes prejuízos à economia gaúcha, ao impactar as negociações coletivas e ignorar as particularidades existentes em cada setor”.

Além disso, argumenta que a concessão de dois reajustes em um curto período ocorre logo após as enchentes de 2024, que trouxeram enormes prejuízos para muitas empresas. “Cabe destacar que o Estado do Rio Grande do Sul enfrenta um cenário de fragilidade econômica, decorrente de dois eventos de natureza excepcional e catastrófica ocorridos em curto intervalo de tempo: a pandemia da Covid-19 e, mais recentemente, as severas enchentes que comprometeram amplamente a infraestrutura, o comércio e a atividade produtiva local”, diz o texto.

Por outro lado, na avaliação de Amarildo Cenci, presidente da Central Única de Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS), a proposta valoriza trabalhadores mais vulnerabilizados, que acabarão investindo os recursos advindos do reajuste no comércio local, o que também impulsionará a economia. “Valeu o nosso esforço, a nossa insistência e a apresentação de estudos de comparação com o piso salarial do Paraná e de Santa Catarina. Mesmo com o reajuste, o nosso ainda seguirá inferior, mas já é um avanço”, avaliou Cenci.

Fonte: Jornal do Comércio
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