09 jun Um em cada cinco brasileiros trabalha sob sofrimento
Um em cada cinco brasileiros trabalha sob sofrimento
Pesquisa exclusiva com 205,2 mil pessoas aponta que 3,6% estão fora do mercado por conta de questões de saúde mental.
Um em cada cinco brasileiros (21%) está indo ao trabalho com algum tipo de transtorno mental. Os mais comuns são ansiedade (7%), depressão (4,8%) e estresse (1,7%). O impacto é maior entre os segmentos etários considerados altamente produtivos, como mulheres de 25 a 34 anos (27,9%) e homens entre 35 e 44 (27,4%).
As informações, obtidas pelo Valor, fazem parte de um monitoramento realizado pela multinacional em pesquisa de consumo on-line YouGov, com respondentes de 18 anos ou mais, em todo o país, empregados ou não. Ao todo, foram analisadas nos últimos 12 meses as respostas de 205,2 mil pessoas sobre temas como a importância de falar sobre saúde mental e como trabalhar enquanto questões emocionais são enfrentadas.
Do total, 42,9% atuam em tempo integral, 22,6% têm nível superior e 4,8% concluíram um mestrado, enquanto 14,7% dos entrevistados ocupam cargos de liderança, como sócios de empresas (9,4%), gerentes juniores (4%) e membros de conselhos de administração (1,3%).
“A pesquisa revelou que a ansiedade e a depressão são as principais causas de sofrimento psicológico entre os brasileiros”, analisa David Eastman, diretor-geral da YouGov para a América Latina. De acordo com os dados obtidos, 21% declararam ter algum problema de saúde mental e 12% se afastaram do trabalho por razões de saúde física ou psicológica.
“Entre os que disseram estar impossibilitados de trabalhar, 3,6% apontaram uma questão mental como causa, número que, embora pequeno, representa um impacto na produtividade e na saúde do trabalhador”, avalia.
Além dos três distúrbios mais mencionados – ansiedade, depressão e estresse – que somam 13,5% entre os entrevistados, o estudo indica incidências, sempre menores do que 1%, de situações de transtorno bipolar, alimentar, obsessivo-compulsivo (TOC) e estresse pós-traumático. Também foram citados casos de abuso de substâncias e de esquizofrenia, abaixo de 0,5%.
Papo reto
Eastman destaca que um dos índices que mais chama a atenção no levantamento é que 67% concordam que “conversar sobre a saúde mental é importante”.
“Isso mostra uma mudança significativa no tabu que envolve [falar sobre] o tema”, relata. “Sugere o amadurecimento da sociedade e uma janela de oportunidade para as empresas adotarem políticas de saúde mental mais explícitas.”
Diante do resultado do estudo, o executivo recomenda que as organizações implementem mais programas de apoio psicológico e convênios com terapeutas. “Também é crucial estimular um ambiente em que se debata abertamente o assunto, por meio de campanhas de conscientização”, orienta.
Além disso, continua o executivo, oferecer treinamentos específicos para as lideranças pode ajudar na identificação de sinais de sofrimento emocional entre colegas e no acolhimento adequado. “Por fim, adotar modelos de trabalho flexíveis, especialmente para quem enfrenta esse tipo de dificuldade, pode ser essencial para promover um equilíbrio mais saudável entre vida pessoal e profissional.”
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