O desafio de furar a bolha do mercado de trabalho

O desafio de furar a bolha do mercado de trabalho

Publicado em 22 de abril de 2024

Já é possível notar uma movimentação de profissionais indígenas no setor de publicidade e marketing.

A presença de profissionais indígenas na publicidade ainda é rarefeita, mas já é possível notar uma movimentação que não existia há alguns anos.

Furar a bolha do mercado publicitário é o grande desafio do cineasta Takumã Kuikuro, da aldeia indígena Kuikuro, e que hoje vive na aldeia Ipatse, no Território Indígena do Xingu. O cineasta, que dirigiu o premiado filme “Queimada no Xingu” e integra o time de diretores da Malala Filmes, visitou seis agências no ano passado para mostrar seu trabalho.

“Quero contar nossa própria história a partir do nosso lugar de protagonismo”, diz Kuikuro. “Ele traz um repertório único e capaz de enriquecer o trabalho das marcas que cada vez mais olham para o ESG e para as questões climáticas”, afirma Marta Rocha, CEO da Malala Filmes.

“Percebemos uma preocupação em termos de representatividade indígena nas campanhas, mas precisamos ver também atrás das câmeras onde trabalham diretores, produtores, cineastas”, afirma Catalina Arica, estrategista digital da FSB Comunicação, cuja origem indígena vem do povo andino Quéchua, do Peru. Em 2023, Arica participou do Fill the Gap, curso criado pela AlmapBBDO, Soko e Grupo Dreamers, em parceria com a ESPM, para a formação de líderes de grupos sub-representados da indústria da comunicação.

“A maior inovação é a humana e isso os povos indígenas podem nos lembrar como ninguém”, afirma Gabriela Rodrigues, vice-presidente de Impacto da Soko e fundadora da Walk, consultoria recém-criada pela Soko para ajudar as marcas a gerar impacto social.

Aru Macedo, indígena de contexto urbano (ou seja, que não vive em aldeia) nascido em Brasília, que trabalha na Soko como “community manager”, diz acreditar que a inclusão das pessoas indígenas está crescendo na área da informação onde já há veículos como o Mídia Ninja Indígena, mas ainda falta o movimento nas agências de propaganda. “Conviver é a melhor forma de aprender com o outro, e a publicidade precisa ser mais plural”, afirma Macedo.

Para Isaka Huni Kui, o caminho para aproximar o povo branco dos povos indígenas é a comunicação. Ele acaba de criar o coletivo Tetepawa Comunica, que reúne 33 jovens de 18 povos indígenas, no Acre. “Queremos mostrar a nossa realidade através das nossas lentes, sermos contadores da nossa história”, afirma Huni Kui.

Fonte: Valor Econômico
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